Na Residência Mendonça Monteiro
Todos se queixam de não ter dinheiro
Isto é que é uma malta porreira
Recebe a bolsa vai pra bebedeira
Chegam os caloiros tão inocentes
Passados minutos sentem-se doentes
Ou pagam uns copos sem fazer alaridos
Ou podem estar certos que estão bem f....
Esta é a selecção do digno bolseiro
Não queremos merda na Mendonça Monteiro
É preciso ter tomates além de ser carente
Este é o perfil do bom residente.
Meus amigos
tenho trocado com o João Martins e-mais de reflexão. São pequenos textos com o carimbo de quem esteve na RUMM e que nos reporta aos momentos de tertúlia que o Manel alimentava com superbock.
Pedi-lhe autorização para os partilhar neste espaço. Espero que apreciem a Leitura.
20 Novembro de 2004
"Se a alma é aquilo que anima o corpo e esta dele foge à chegada da morte, e se o corpo deixa de ter energia quando morre, então a alma, se não for totalmente essa energia, pelo menos é parte da mesma.
Quando a matéria do meu corpo é transformada pelos decompositores em matéria mineral, ela volta a ser energia que se consubstanciará em matéria orgânica ao constituir a parte física de um vegetal. A energia que a matéria do meu corpo possuía e que agora faz parte de um vegetal, passará depois, pela inevitável necessidade de nutrição, a povoar a matéria que constitui o corpo de um herbívoro, sendo também ela própria, parte dessa mesma matéria.
Omnívoros como somos, - o que se enquadra perfeitamente na política de subjugação que nos enforma ? somos então compostos de matéria e energia proveniente dos `vegetais e dos herbívoros. Sendo assim, o nosso «ser» não é exclusivamente animal nem vegetal. Passando a matéria por cada um destes estádios de transformação, então sei que fiz parte de um vegetal e posteriormente de um animal. Por conseguinte não vejo obstáculo em considerar que em determinado momento encarnei Numa planta, depois num herbívoro, depois num novo
ser Humano e assim sucessivamente, que afinal não é só ele próprio, mas também sou eu e tantos outros seres que me precederam..
A reencarnação ?aqui entenda-se carne por matéria viva- não está fora de questão, e os outros seres animais e vegetais não estão assim tão distantes de mim, dado que eles podem conter a matéria-energia que outrora deu forma à existência de um meu semelhante enquanto entidade passível de ser registado na conservatória do registo civil.
Acresce ainda que somos todos filhos do Sol porque a matéria existencial de cada um contem parte da energia dessa estrela fulgorosa, e porque é esta que possibilita a transformação das matérias (nota: rever processo de fotosintese) e a vida que a partir dessas matérias se faz (herbívoros e vegetais), a qual por sua vez vai dar vida à nossa vida.
Nada se ganha nada se perde. Esta foi, é e continua a ser uma verdade inabalável que pode demonstrar que nós somos universo, nós somos tudo, que nós não somos nada neste universo, que nós somos aquilo que outros seres vivos deixaram de ser, que eu sou tu, que tu és eu, que eu sou todos nós, que todos são eu, que todos nós somos irmãos por parte do pai(se lhe chamarmos Sol), que todos somos irmãos por parte da mãe (se lhe chamarmos estrela), mas que em suma a Criação na terra não é mais do que uma grande família onde a existência de cada um depende da existência dos outros. Por tanto, respeito para com os outros seres vivos porque eles fazem parte da família!
Será porque podemos ser tudo, porque nos podemos rever em tudo, que os olhos do ser Humano admiram o verde luxuriante e a exuberância de todas as cores da Natureza, a graciosidade dos animais pequenos, a imponência dos de grande porte... Será porque uma mulher, além de ser num certo momento um apetitoso fruto que sabe bem «descascar«, já foi um apetitoso vegetal capaz de dar origem à mais saborosa das saladas, e já foi uma costeleta ou um bife consistente e suculento, será por isso que em certos momentos apetece morde-la, sugar-lhe o néctar e trincar a polpa? Será que apetece morder aquilo que ela foi ou aquilo que ela é? O bom que é deve-se com certeza ao facto de conseguirmos fazer tudo isso duma só vez ao «comer» dela tudo o que é comestível.
E a água?
Somos constituídos em mais de 70 por cento por água, a qual faz com que não sejamos apenas uma crosta encarquilhada e própria para alimentar a mais linda das fogueiras.
A partir do momento em que a matéria deixa de conseguir suportar a energia que a anima, a sua organização deixa também de conseguir suportar a água que entra na sua constituição. Desprovido de vida o meu corpo liquefaz-se qual um iceberg aprisionado no cume de uma montanha morna. Assim derramado pela Terra serei água nos aquíferos que alimentarão os poços e as fontes, que por sua vez matarão a sede a homens, a pássaros, a ovelhas, a coelhos, etc, etc., passando a fazer parte da sua constituição física. Assim derramado pela terra sentirei a força do Sol que me puxa desse cativeiro opaco e de difícil circulação para as nuvens acolchoadas e rápidas. Qual filho obediente a um pai que tudo pode, saio lentamente desse substrato cavernoso e entro na liberdade de movimentos, que o antigo parente que é o vento me proporciona.
Cansado de flutuações contínuas e por vezes turbulentas, torno à Terra sob a forma de uma gota que beija uma planta, entra nos seus poros, desliza até à terra onde penetra até à ris que a conduz à planta, passando a fazer parte do seu ser.
O insaciável coelho que sai do da mãe Terra desfruta dos afagos do pai Sol, passeia romanticamente no prado onde se entretém a comer a planta que eu sou, passando eu a ser ele e ele a ser eu.
O terrível caçador, sem outra necessidade que não seja a de capturar o espécime que em torno de uma mesa, copos e garrafas juntará o Norte e o Sul no Severos-bahar (em Santo Aleixo), se acaso já não te lembras), dispara o artefacto fruto da inteligência e da incapacidade que tem de caçar apenas com os seus próprios recursos somáticos, e abate aquele que era o coelho, que era a planta, que era eu, que eras tu, que era o próprio caçador, que era o outro, o outro e outro... de todos os tempos.
Consumado que está este fratricídio, parricídio ou outro «cídio» qualquer, resta degustar os nossos ancestrais ou a nós próprios com um bom tinto de Reguengos, Monçarás ou Borba, enquanto debatemos sobre as nossas origens procurando saber se eu sou eu, se eu sou tu, se tu és eu, se tu és tu, afinal de contas saber quem somos.
Esta reflexão não é o resultado da loucura, é sim o resultado da tentativa que faço para encontrar um ponto de partida, um ponto de chegada, uma identidade, um caminho para a compreensão do como e do porquê.
Prometo alvejar-te com outras interrogações que pairam sobre, por dentro e por todos os lados do meu pobre cérebro que mais remédio não tem do que confortar-se com os tintos, os brancos, as cervejas, os licores alcoólicos e os femininólicos, os livros e o trabalho. É no entanto, condição para que o debate continue, o acusar da recepção destas mensagens por parte daquele que as pode completar, refutar ou corroborar, desde que seja dado um contributo para a descoberta da verdade, a qual, como alguém um dia disse, não passa de uma grande mentira que ainda não se conseguiu descobrir.
Saudações antropometafísicas e muita saúde
João Martins"